segunda-feira, agosto 29, 2005

[ conto sem titulo ]

"Abriu a porta e entrou. Jogou as chaves em cima da mesa, o computador continuava ligado. Deixou-se cair sobre o sofá, do mesmo modo que se deixam cair os corpos já cansados da vida e de tudo que ela representa. A sala cheirava a cigarro, assim como os quartos, o banheiro e a cozinha. Apenas a sacada não exalava o forte odor de nicotina, já impregnado nos estofados, toalhas e cobertores do apartamento.
Achou melhor manter a televisão desligada. Queria pensar. Na verdade não conseguia parar de pensar, mesmo que quisesse. Tirou do bolso da camisa a foto dela e ficou a admira-la. Era bonita. Lembrou dos cabelos compridos, da boca macia que não cansava de beija-lo e dizer coisas que o faziam enlouquecer. Fechou os olhos, a cabeça pendeu para trás, num ato incontrolado. Ainda podia tê-la de volta. Podia tê-la mais uma vez, ao menos, antes de dizer a ela tudo que estava pensando.
Acendeu um cigarro e foi até a cozinha. A pia estava cheia de copos sujos, duas garrafas de vinho e muitas latas vazias de cerveja à volta. Lembrou-se do jantar, dos amigos e do que eles haviam lhe dito sobre ela. Queria deixa-la, mas não conseguia. Podia deixa-la, mas não sabia se queria. Não conseguia articular uma única frase para dizer a ela, sobre isso. O telefone tocou.
Pensou em deixar tocar, depois pensou em atender. Demorou-se um pouco até chegar onde estava o aparelho e este parou. Ficou com aquela curiosidade de saber quem estaria ligando e teve vontade de telefonar para todos os números na agenda e descobrir quem havia desistido de falar-lhe naquele instante. Andou até a janela, com o cigarro entre os dedos. Terminou de fumar e ficou observando as pessoas lá embaixo. Pareciam um bando de formigas apressadas, correndo contra um relógio que está sempre adiantado. No entanto, pareciam felizes e tranqüilas e ele lembrou-se que tinha uma decisão a tomar.
Ela novamente tomou sua mente. Pensou nos olhos, um verde fascinante, duas esmeraldas sempre tão brilhantes que o encantavam cada vez mais. Pensou no corpo nu, tantas vezes sobre a cama, arfando e gemendo entre seus braços. Pensou na respiração ofegante, na boca entreaberta, o cabelo emaranhado por suas mãos. Queria-a. Não poderia deixa-la. Não agora.
Olhou o relógio. Oito da noite. Poderia encontra-la as oito e meia. E não lhe diria nada. Melhor deixar pra depois. Queria aquela mulher na sua cama, hoje à noite. Depois decidiria se iria deixa-la ou não. Pegou a carteira e os cigarros. Iria traze-la de volta ao apartamento. Nem lembrou da bagunça, do cheiro ruim, da louça na pia. Queria busca-la, queria vê-la. Estava decidido, já. Faria isso. Caminhou até a porta e pensou nela, viu-a a entrando no apartamento como da ultima vez, indo até o quarto, chamando por ele. Era isso que queria hoje. Depois a dispensaria. Ou não. Pegou as chaves e saiu. A porta fechou atrás de si. "


Nao que eu goste desse conto, mas nao quero divagar hoje.

sábado, agosto 27, 2005

Egoísmo ao contrário [?!]

Tanta gente reclama que seu defeito é o egoísmo. Que por mais que tente o sentimento de egocêntrico sempre prevalece. Pois lhes apresento aqui um ser totalmente diferente e idiota: eu. Sim, e com tanta gente egoísta espalhada por aí, esse é o único dos defeitos que passam longe de mim - apesar de às vezes eu conseguir ser egoísta, mas só quando há necessidade desse ato.
Eu consigo chegar ao extremo do meu defeito. Chego a passar semanas me preocupando com os outros e até esqueço da minha existência, minhas preocupações passam a ser os problemas dos outros. Mas e eu? Segundo plano. Ou terceiro. Chegou até a ser quarto. Não chego a me preocupar com esse defeito mas às vezes eu passo dos limites. Acho que posso solucionar o problema de todos, fico dando palpite, fico na volta, chateando e dando minha opinião sem nem terem pedido.
Nunca me reclamaram desse defeito mas não significa que ele não incomode os outros. É realmente incontrolável! Mas não faço isso com todos, só com quem eu me preocupo mesmo, são poucos. Estes poucos sofrem. Eu tento não incomodar eles, de fingir que eu não estou vendo ou algo do gênero, mas quando eu vejo já estou na volta perguntando o que aconteceu, se tá precisando de algo, tentando ajudar de alguma maneira.
Será que eu não sinto falta de ser egoísta? Sinto, sim. E preferia ser mais um dos que se preocupam unicamente com a sua vida e se esquecem dos outros. Mas não consigo, fazer o que? Defeito por defeito, prefiro o menor deles. Mas e quem se importa? Nem eu faço isso mesmo.

quarta-feira, agosto 24, 2005

Perder alguem.

Ando especialista em falar sobre perder pessoas. Nao que eu seja eximia conhecedora desse assunto, mas confesso que tenho pratica nisso e, portanto, certo conhecimento. Eu sempe me pergunto os reais motivos que existem por tras de "perder alguem"...enfim, divaguemos...
Há um condiçao principal para se perder alguem...é preciso possuir alguem. Tá, me deem um exemplo de alguem que realmente tem uma outra pessoa, com tudo que esse "tem" pode significar. Nunca somos de alguem para que o "perder" seja verdadeiro. Por mais que a gente queira pertencer a ou ser de alguem, por mais que a gente se doe, por mais que isso doa...por mais que se queira e se deixe todo o resto pra depois...Ou somos de alguem por fraçoes de tempo - e isso implica que perdamos alguem a cada fraçao de tempo -, ou nunca pertencemos a ninguem - e entao temos somente a ilusao (ridicula) de que perdemos alguem.
O fato é que os motivos para que pensemos isso, os fazemos nós mesmos. Acreditamos nas coisas que nós mesmos criamos, nos fatos que a gente mesmo vê, por si só...e com esse conjunto de razoes procuramos nos ausentar da culpa de perder alguem (se é que ainda consigo sustentar essa expressao mais algumas vezes durante o texto). E, claro, nada é mais alusivo ao fato de deixar pessoas para trás que o nosso proprio orgulho. nao falo aqui de amor-proprio ou qualquer desses sentimentos que as pessoas dizem que a gente deve ter...falo antes do orgulho exatamente, do orgulho que nos faz dissimular, que nos faz desistir de fazer algo que queriamos fazer e nos faz, acima de tudo, perder a oportunidade de ter outras fraçoes de tempo felizes do lado das pessoas que a gente gosta, de uma forma ou de outra.
Ainda acho possível perder alguem, naquele sentido de ter alguem por instantes e perder cada pessoa a cada instante. E nao acho que a gente deva deixar o orgulho de lado, na maioria das vezes. Ele é só um dos motivos, talvez a razao principal, mas nao a unica. Destinos opostos, sonhos opostos, pensamentos opostos...falta de confiança ou a traiçao dela...sei lá, tem um monte de coisas...orgulho é a ultima delas. Mas nao deixo - e nao deixem - de tirar proveito das fraçoes de tempo aquelas por causa dele...

"Quis nunca te perder, tanto que demais, via em tudo céu , fiz de tudo cais...dei-te pra ancorar doces deletérios.
E quis ter os pés no chão, tanto eu abri mão que hoje eu entendi: sonho não se dá, é botão de flor...o sabor de fel é de cortar. Eu sei, é um doce te amar. O amargo é querer-te pra mim. Do que eu preciso é lembrar, me ver antes de te ter e de ser teu, muito bem. Quis nunca te ganhar, tanto que forjei asas nos teus pés, ondas pra levar...deixo desvendar todos os mistérios. Sei, tanto te soltei que você me quis em todo o lugar. Li em cada olhar quanta intenção...eu vivia preso. Eu sei é um doce te amar. O amargo é querer-te pra mim. Do que eu preciso é lembrar, me ver antes de te ter e de ser teu . O que eu queria, o que eu fazia, o que mais? E alguma coisa a gente tem que amar, mas o que...não sei mais. Os dias que eu me vejo só são dias que eu me encontro mais e mesmo assim, eu sei, também existe alguém pra me libertar."

Condicional (Rodrigo Amarante)

* * *
Show do Los Hermanos:
Perfeito
Fantastico
Extraordinario
Estupidamente bom

Mesmo que tudo isso queira dizer a mesma coisa.

sexta-feira, agosto 19, 2005

Amizade [!]

[Texto escrito dia 17/08, com outro humor.]


Tive um diálogo interessante segunda-feira. Eu e 2 colegas ficamos discutindo sobre amizade, eles argumentaram de todas as formas possíveis que não acreditavam em amizade 100%. Cheguei a ficar surpreso com aquela afirmação. Talvez porque eu discorde em gênero, número e grau. Meus amigos são tudo de melhor, principalmente os 100%, apesar de conseguir contar em uma mão. Acredito neles e nunca tive motivo pra me decepcionar, muito pelo contrário, me surpreendem a cada momento que passa.
Me conhecem tão bem que, às vezes, chego a ficar surpreso. Conhecem meus defeitos e mesmo assim seguem ali junto, me convidando pra fazer algo diferente ou algo igual. E mesmo nas piores horas eu sei que posso contar com eles e vice-versa, é recíproco. Podemos ficar afastados por 1 semana, 15 dias, 1 mês, que mesmo assim quando a gente se encontra parece que a gente se viu no dia anterior. O papo flui e as risadas também, por alguns instantes os problemas se vão e aquela pessoa ali mesmo sem saber transformou teu dia, ou até mesmo tua semana, bem melhor.
Era exatamente sobre isso que eu queria falar. As pessoas que tem esse poder sobre mim, são tão raras que eu tento conservar, de qualquer forma, pra sempre. Tive uma experiência assim ontem. Acordei cedo (9 horas) pra matar aula com uma amiga minha, encontramos um amigo e fomos dar uma volta sem direção. Andamos, conversamos, rimos. Parece normal né? Mas aí está presente algo inexplicável. Como que 2 pessoas conseguiram transformar meu dia com uma simples caminhada sem rumo? Esse é o tal fenômeno da amizade que me fez sentir bem pelo resto do dia, que me fez esquecer daqueles problemas que vinham me atormentando a tempos. A esses eu só tenho que agradecer, não tem noção de como me fazem bem.
"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles." Concordo com cada letra e cada palavra que o Vinicius de Moraes escreveu. E chego a ficar com uma certa pena de quem não acredita na amizade assim como eu. Se eu não pudesse ter esses meus amigos, que me fazem cada vez melhor, não sei o que seria de mim agora. Talvez seria só mais um recalcado que vive na solidão e desconfia até da própria sombra. Uma vida sem esses seres seria uma vida mais vazia, sem graça e sem sentido.
Apesar de parecer piegas esse discurso sobre amizade, é uma das maiores realidades que eu tenho o prazer de conviver atualmente..
"E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. [...] A gente não faz amigos, reconhece-os."

quarta-feira, agosto 17, 2005

[ no title ]

Depois de 3 dias intensamente intensos, cá estou eu de volta. Desde segunda eu estava aplicando trote nos meus bixos, na faculdade e isso foi muito cansativo. Levar trote é infinitamente mais divertido que aplicar o trote.
É incrivel a reaçao das pessoas diante de outras que elas nao conhecem. No primeiro dia de trote dava pra sentir o quanto os bixos estavam incomodados com tudo aquilo. Alguns até estavam tentando parecer pessoas extrovertidas, mas a timidez era visivel. E tudo foi muito engraçado. Criar apelidos, colocar tinta na orelha, faze-los dançar e cantar ou declamar um funk dos mais bagaceiros e amarrar os bixos no poste foi realmente divertido. No fim da manha eles já estavam morrendo de rir e conversando como se conhecessem uns aos outros há muito tempo.
É por esses motivos que eu ainda digo que trote é muito necessario. Os bixos se conhecem, os veteranos conhecem os bixos e todo mundo fica feliz...Seilá.

* * *

Semana que vem tem show do Los Hermanos aqui em Porto Alegre e eu to aqui ouvindo o CD novo, que é bem bom. Tem musicas lindas como Paquetá, O Vento, Dois Barcos...ainda nao consegui analisar o CD todo, mas o que eu consegui, realmente me pareceu melhor que todos os outros. Ainda assim, eu acho que o meu CD favorito é o Ventura. Eu acho.

* * *

Ainda que nao vejas
Ainda que nao queiras
Nao deixo de querer-te
Cada dia e sempre mais

Ainda que me deixes
Ainda que te queixes
Vou sempre percebê-lo
Infinito ou nunca mais

E mesmo que me olhes
Com olhar de desprezo
Nao sento nem levanto

Fico imovel a observar-te
E nao canso de desejar-te
Sempre e sempre mais.

terça-feira, agosto 16, 2005

Nostalgia

Podia falar sobre uma infinidade de coisas que aconteceram comigo na viagem de volta a minha terrinha. Fui visitar meus pais e "comemorar" o dia dos pais com o meu pai. Tudo indicava que seria mais um final de semana de tédio total. Quando cheguei, desci do ônibus e consegui sentir que haviam retrocedido 10 anos. As coisas nos mesmos lugares, as casas da mesma cor, as mesmas caras e as mesmas vozes. Tava chegando em casa e via as crianças brincando no meio da rua, me vi ali. Pirralho, correndo e caindo, andando de bicicleta, jogando futebol na calçada etc.
Faziam 4 meses que eu não ia pra lá, fui recebido com festa até. A mãe me entupiu de comida e toda vez que me olhava dizia que eu tava magro demais, e lá ia eu comer de novo. Conversei muito com a mãe, fazia realmente anos que eu não tinha um diálogo decente com ela, pude contar tudo que tá acontecendo e ela contou muitas coisas dela. Meu pai tava fazendo algo que ele adora, que é sair de casa e ficar conversando com as pessoas pela rua. Ele é um dos seres mais comunicativos que eu conheci. Meu irmão, apesar de ser o mais chato de toda a família, conseguiu se manter bem humorado o tempo todo e até conversei com ele umas 2 palavras.
Desci pra ir na minha vó e de súbito eu precisei descer correndo. Os 10 anos voltaram novamente. Cheguei a escutar a minha mãe gritando, dizendo que eu ia me machucar. Fui entrar na casa da vó e vi outra cena da minha infância. A Manuela - um desses seres que toda cidade pequena tem, que é denominada de louca pelos moradores e é conhecia por todos - tava vindo, tocando as vacas (2, pra ser mais exato). São as mesmas desde que eu me conheço por gente. Foi a cena mais inesperada dessa minha viagem, não via esse ser mitológico faz muito tempo. Pensei um pouco e entrei na casa da vó.
Ela tentou me empurrar todo tipo de comida, disse que eu tava realmente muito magro. Estava começando a acreditar! O meu vô tinha saído pra alguma missa e só ia voltar bem tarde. Acabei passando a tarde toda vendo os meninos cantores no Raul Gil (contra a minha vontade) e depois fui pra casa ver se surgia algo mais útil a se fazer. Passei a noite toda jogando canastra com a mãe e depois fui dormir. Acordei tarde (11 horas) em relação aos outros seres da minha casa, tomei banho e fui pro almoço de confraternização na minha vó.
Outra cena me fez recordar meus 9 anos. Galinha com arroz e maionese no almoço. Minha mãe conversando muito alto e meu vô reclamando de algo, com a boca cheia. Impressionante, ele não aprende. Até a sobremesa era típica do "almoço de domingo na vó", tudo me fez lembrar daquele tempo. Os assuntos eram diferentes, na maioria. Mas meu pai resolvi puxar um assunto sobre criação de gado ou preço do milho, e tudo voltava a 1900 e poucos.
Hoje antes de vir embora tive uma sensação muito estranha, uma vontade de ficar lá. Uma necessidade de ficar lembrando do passado e de tudo que eu vivi naquela cidade. Uma saudade das pessoas, de acordar com o galo cantando, escutar os passarinhos, de ir no pátio pegar uma laranja e comer, de ter a inocência de uma pessoa do interior, de tudo! Por pouco não fiquei lá, vivendo de passado, mesmo que por uns dias. Cheguei aqui e tive que encarar a realidade, os problemas e aquela maldita aula de perspectiva ético-antropológica que eu não consegui fugir. Relembrar um pouco o passado foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos!

domingo, agosto 14, 2005

Lições...

Hoje é Dia dos Pais. Mais uma daquelas datas comerciais, em que a gente se obriga a comprar presentes pra nao fazer feio diante de quem a gente gosta e se importa com isso. Tá, eu fui lá ontem e comprei uns presentes pro meu pai, porque, afinal, ele merece.
Quem me conhece bem, sabe que a minha relaçao com meu pai nao é perfeita. Eu costumo dizer que a gente tem uma relaçao de amor e ódio, como é a maioria das minhas relaçoes, com a maioria das pessoas que eu conheço. A gente se ama muito, mas brigamos muito também.
Eu adoro falar dele...mal ou bem, nao importa. E sempre uso a justificativa: "a gente tem uma relaçao complicada". O que eu nao posso negar são todas as lições que ele me ensinou.
Meu pai me ensinou mais que apreciar um bom vinho, comer bem e fazer piadas acidas sobre as mais diversas situaçoes. Me ensinou a nunca desistir das coisas que eu queria, a ser forte pra enfrentar as situaçoes que me machucavam e a chorar sempre que sentisse vontade, sem ter vergonha disso. Me ensinou a ser doce e ser amarga. A amar e a odiar. Me ensinou a provar as coisas pra saber que nao queria elas. Me ensinou que as unhas curtas sao melhores que as compridas, embora eu nao concorde com isso. Me ensinou a olhar as pessoas pelo que elas sao e nao pelo que elas têm. Me fez ler...me ensinou a andar de bicicleta.
Ele nunca deixa de ser meu professor. Me mostra todos os dias o quento eu sou intolerante, o quento eu sou egoísta e o quanto eu preciso rever os meus conceitos. Me mostra que eu nao sei nada sobre cinema e que eu ainda tenho muito de musica pra conhecer.
Meu pai me ensinou a ser Natália. E eu só tenho a agradecer por isso.

* * *

Só postei porque o George tá viajando.

sexta-feira, agosto 12, 2005

Desconexo

Ah...eu to muito sem inspiraçao hoje. Nao to nem com vontade de ficar divagando sobre os sentimentos humanos. Tive um dia inutil e muita coisa pra pensar.
Eu acho que o meu dia começou mal, do mesmo jeito que ele sempre começa. Dormi pouco, acordei de mau humor. E ando com raiva de coisa demais... Na verdade, eu sou naturalmente raivosa, ou tento parecer isso. Mas já me disseram uma vez que eu nao sou o que as pessoas veem, porque o que elas veem é o que eu tento parecer ser. Complexo? Tambem nao lembro se foi isso mesmo, mas enfim...o que eu realmente sou, nem eu sei.
Acho que eu morro um pouco a cada dia. Todo mundo morre, na real. Cada vez que a gente deixa de fazer algo que quer, dizer algo que quer, cada vez que se arrepende e nao consegue voltar atras...cada vez que se arrepende, já é o suficiente. Eu fico pensando...quantas pessoas que convivem comigo, se morressem, realmente fariam diferença? Por quantas delas eu choraria? Umas 10, talvez...um pouco mais, nao sei. Isso tudo é tao pouco previsivel.
Nao acho vergonha chorar. Imagina que eu, já na faculdade, chorei por causa de uma prova, de uma materia inutil...e na frente de todo mundo. Sei lá, tem coisas que nao dá pra evitar e chorar é uma delas. Mas também é verdade que tem horas em que chorar é prova de fraqueza e, ultimamente, isso é tudo que eu nao quero parecer. É tudo que eu nao quero ser. Mas talvez seja a unica coisa que eu seja. Fraca.
Ontem eu tava na faculdade, uma "reuniao" pra decidir o trote dos bixos, no mesmo horario daquela tal matricula presencial. Uma das minhas colegas nao conseguiu se matricular nos horarios que ela queria. Eu fui ao banheiro e ela tava lá, chorando. Me assustei, primeiramente...mas me vi, ali, fazendo o mesmo se tivesse na mesma situação. Essa coisa sentimental, sensível...coração de manteiga num corpo de ferro. Ferro e gelo. E ainda assim, sentimental. Sei lá.

Alias, falando em sentimental...quem me acompanha no Los Hermanos?

quinta-feira, agosto 11, 2005

Que aula demorada!

Ontem eu tinha uma aula insuportável. Tentei arranjar uma dor de dente ou uma febre antes, mas não teve jeito. E eu até queria ir pra aula, não fazer nada o dia todo me cansa um pouco. Parti pra aula e fui todo caminho pensando em prestar atenção em aula. Afinal, se eu tenho que ir pra aula, que eu consiga tirar proveito de algo.
Cheguei um pouco atrasado e já vi a cara de tédio dos meus colegas, mesmo assim eu tava disposto a prestar atenção. Sentei naquelas cadeiras desconfortáveis e olhei pro professor. Ele tava falando na consciência dos animais, ou algo assim, não consegui entender muito bem. Quando eu percebi tava viajando. Olhei novamente pro quadro e tive 5 segundos de pausa, quando percebi meu cérebro já tinha "desconectado" da aula e tava viajando pelo infinito. Depois disso não consegui mais ir pro mundo da lua.
Juro que eu tentava acompanhar a aula mas tudo dispersava minha atenção. Uma colega minha (totalmente pegável) tava com o cofrinho de fora, eu fiquei atento acompanhando aquilo. Não demorou muito - talvez ela tenha percebido meus olhares -, ela juntou as coisas e foi embora. Olhei pro relógio, eram 19:15. COMO ASSIM RECÉM SÃO 19:15? Eu cheguei em aula atrasado e a aula começa as 19:00, isso significaria que eu tenho muita aula pela frente ainda e, por enquanto, essa era a pior coisa que tinha acontecido durante toda a noite.
Fiquei olhando pro relógio de 2 em 2 minutos, o tempo realmente se arrastava como uma lesma manca. Olhei pra minha colega que tava jogando alucinadamente snake no celular, outro tava tirando fotos e a minha colega mais cdf tava lixando as unhas. Depois de tudo isso acontecido, me acordei e prestei atenção em segundos da aula até quando ele disse: "As verdades que vocês sabem não são verdades, elas são inventadas. Minha aula pode ser uma invenção." Nessa hora eu olhei pro meu colega e ele tava empolgadíssimo dizendo que vivíamos no mundo de matrix. A minha teoria é que o professor fuma maconha antes de dar aula e nada me tira essa idéia.
Olhei pro relógio novamente e já eram 20:00, cheguei a rir sozinho. A última meia-hora de aula passa muito rápido e foi isso que aconteceu. Entrei em transe e quando percebi todos já estavam saindo da sala, me levantei e saí correndo. Encontrei uma colega minha na porta e começamos a falar mal da aula do cara. Falei que ele tentava que todos alunos cometessem um suicídio coletivo e a minha colega completou que quando ela quisesse se suicidar ela viria antes pra aula. Falei que ele vinha chapado pra aula, às vezes se perdia e começava a inventar aliás, cheguei a falar que ele inventava toda aula. Rimos bastante. Nisso um vulto que tava atrás de nós a um certo tempo nos passou e olhou pra nós com um sorrisinho de "eu-escutei-o-que-vocês-falavam-e-não-vou-esquecer". Sim, era meu professor. Tentei achar alguma buraco pra me enfiar mas não existia.
Agora, estou arrumando minhas malas pra ir pra Amazônia catalogar a vida do macaco-prego e ficar longe do meu professor nas próximas 10 aulas ou até que eu esteja certo que ele esqueceu da minha existência. Ou quem sabe ir camuflado pra aula. É bom saber que eu ainda tenho opções. ¬¬

quarta-feira, agosto 10, 2005

Posso nao ser eu mesma?

Nao gosto de parecer descrente com a raça humana, mas ultimamente nao consigo ser o contrario. Acho interessante o modo como as pessoas agem, fingem, se comunicam... o modo como cada um se preocupa unica e exclusivamente com seu próprio bem estar, sem pensar nas pessoas que estao a sua volta. Somos mesmo um bando de canalhas egocêntricos.
Sempre confiei nas pessoas. Sempre me entreguei cegamente à elas, sem enxergar o lado ruim ou imaginar que ele pudesse existir. E, claro, sempre tive problemas com isso. Entretanto, o fato de saber que as pessoas eram egoístas não me fazia querer ser como elas. Isso nao significa que eu sempre tenha sido a menina boazinha dos contos de fadas, a injustiçada, a vítima...ao contrario, sempre me identifiquei com as madastras, as bruxas e as irmãs malvadas, porém não por ser egoísta e pensar exclusivamente em mim mesma, mas por outros motivos que nao necessitam ser mencionados agora. O que eu quero dizer é que nao sou uma santa e tampouco quero ser, mas acho que ainda nao sou uma filha da puta completa, que engana as pessoas, ilude, desrespeita.
Continuo acreditando na máxima "Nao faças aos outros o que nao queres que façam a ti" e sigo minha vida. E talvez por isso me sinta tao incomodada quando me sinto enganada, ludibriada e perdida. E por isso ando tao descrente com a humanidade. Soa piegas, mas o mundo anda errado e isso me deixa inquieta.
Na verdade, nao quero ser só mais uma enganadora, fingindo meus sentimentos, expressoes e etc, mas diante das coisas que presencio, vejo e sinto, nao creio ter outra alternativa senão me juntar ao bando dos canalhas egocêntricos. Ou, certamente, ficaria à margem da normalidade, tentando bancar a inocente, a boa moça, a certinha. Sim, estou pensando somente em mim mesma: cansei de ser eu o tempo todo. Se o Wander Wildner pode sair por aí dizendo que nao consegue ser alegre o tempo inteiro...por que eu deveria conseguir?
As pessoas são egocêntricas? Filhos da puta, todos? É...nos juntemos a elas, entao.

terça-feira, agosto 09, 2005

Olá, prazer.. (hmm)

Oi.. hmm.. bem-vindos!
A idéia de criar o blog não foi minha mas aderi. E sempre que eu tiver algo absurdo, ou apenas insano, ele vai ser postado aqui.Todos os dias será atualizado, com algo importante, fútil/útil, necessidade pública ou, simplesmente uma divagação.
Se alguém tiver paciência, leia os próximos capítulos, serão interessantes - ou não. Senão, nem me importo. Te manda! (humpf)

Wellcome to my[?] world...

Bem, bem...olá.
Ainda nao estou certa do que será isso aqui.
Um blog. Comum. Textos, contos, cronicas e talvez poemas. Meus e dele.
E isso...bem, isso é só um post de boas vindas...
Em breve coisas com mais sentido. Ou não.